Vitamina D se tornou a Querinha dos Médicos

A poderosa vitamina D

Novos estudos revelam que ela Combate doenças como Diabetes e hipertensão e até ajuda a emagrecer. o problema é que está em quantidade insuficiente em metade da população mundial

Os livros didáticos disponíveis atualmente ensinam que a vitamina D é essencial na formação dos ossos e dentes. Mas esses textos precisarão ser reformulados para acrescentar uma longa lista de benefícios descobertos recentemente, que revelam que a substância faz muito mais pelo organismo do que se imaginava. Ela ajuda a emagrecer, fortalece o sistema de defesa do organismo, auxilia na prevenção e tratamento de doenças como a diabetes e a hipertensão e está associada a uma vida mais longa – para falar somente de alguns de seus efeitos positivos. Por essa razão, a vitamina tornou-se a mais nova queridinha dos médicos em todo o planeta. Muitos já estão solicitando a seus pacientes que meçam sua concentração no corpo e façam sua reposição se assim for necessário.

Um dos achados mais reveladores – e que ajuda a sustentar a nova atitude dos médicos – surgiu de um trabalho de cientistas da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Eles sequenciaram o código genético humano para averiguar quais regiões do DNA apresentavam receptores para a vitamina. Receptores são uma espécie de fechadura química só aberta por chaves compatíveis – nesse caso, a vitamina D –, para liberar o acesso e a ação do composto à estrutura à qual pertencem.




O time de Oxford descobriu nada menos do que 2.776 pontos de ligação com receptores de vitamina D ao longo do genoma. “A pesquisa mostra de forma dramática a ampla influência que ela exerce sobre nossa saúde”, concluiu Andreas Heger, um dos coordenadores do trabalho, publicado pela revista “Genome Research”. Isso quer dizer que sua presença faz uma bela diferença na forma como trabalham os genes. “Todas as células mapeadas possuem receptores diretos da vitamina”, explica o dermatologista Danilo Finamor, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A outra comprovação inquestionável do poder abrangente da vitamina no corpo humano veio de uma ampla revisão de trabalhos científicos realizada pela Sociedade Americana de Endocrinologia cujo resultado foi divulgado há dois meses. “Ela age no coração, no cérebro e nos mecanismos de proliferação e inibição de células, entre outros sistemas”, disse à ISTOÉ o bioquímico Anthony Norman, professor da Universidade da Califórnia (EUA), um dos maiores estudiosos do tema e integrante do comitê responsável pela compilação de dados a respeito do assunto. “A vitamina D também atua nos músculos, que são as únicas estruturas capazes de dar mais estabilidade aos ossos”, diz o ortopedista André Pedrinelli, do Hospital Santa Catarina, de São Paulo.


Muito do que se sabe a respeito dos novos benefícios da substância é referente à diabetes tipo 2, que hoje exibe proporções epidêmicas no mundo. Trabalhos demonstram que níveis baixos da substância estão relacionados a uma disfunção ligada à origem da doença chamada resistência à insulina. A insulina é o hormônio que permite a entrada, nas células, da glicose circulante no sangue. No caso da diabetes tipo 2, ela não consegue cumprir sua função corretamente e o resultado é o acúmulo de glicose na circulação sanguínea, o que caracteriza a enfermidade.

Uma das pesquisas a evidenciar a relação vitamina D-diabetes tipo 2 foi feita pelo cientista Micah Olson, da Universidade do Texas (EUA). Ele mediu os níveis da vitamina, de glicose e de insulina no sangue de 411 crianças obesas e 87 não obesas. “As obesas com níveis mais baixos do composto tinham maior grau de resistência à insulina”, disse. Em adultos, dá-se o mesmo. No mês passado, estudo publicado na revista “Diabetes Care” mostrou que pessoas com pequena quantidade da substância apresentavam 32 vezes mais resistência à insulina do que a média dos voluntários avaliados.


A informação do papel da vitamina no desenvolvimento da enfermidade mudou a conduta médica. A endocrinologista Maria Fernanda Barca, de São Paulo, membro da Sociedade Americana de Endocrinologia, por exemplo, é uma das que já indicam sua reposição, se for preciso. “Quando comecei a pedir dosagens, vi que cerca de 70% dos pacientes estavam com carência ou insuficiência da substância”, diz.

Também já existe um consenso científico de que, quanto mais obesa a pessoa, menos vitamina D ela apresenta. Não está claro, porém, se a obesidade por si só diminui a presença da vitamina no organismo ou se é o contrário. Mas, mesmo sem conhecer os mecanismos pelos quais a baixa concentração da substância contribui para o acúmulo de gordura, os médicos estão incluindo sua reposição na lista de estratégias mais recentes na briga contra a balança.

Só por ajudar no controle da diabetes e da obesidade – dois fatores de risco para doenças cardíacas –, a vitamina já poderia ser chamada de aliada do coração. No entanto, descobriu-se que ela combate também a hipertensão, bloqueando a ação de uma enzima envolvida na elevação da pressão arterial. “Por isso, pode ser dada como coadjuvante no tratamento da doença, se for comprovado seu déficit”, afirma Aluízio Carvalho, professor de nefrologia da Unifesp.


O sistema imunológico é outro beneficiado. “Ela atua como um modulador do sistema de defesa do corpo”, explica a endocrinologista Cláudia Cozer, de São Paulo, diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. A quantidade certa da vitamina permite que o corpo se defenda melhor, por exemplo, das gripes e resfriados de repetição. “Uma das células beneficiadas por ela são os linfócitos T, que agem sobre as células estranhas e infectadas por vírus”, diz o bioquímico Anthony Norman, da Universidade da Califórnia. Alguns pesquisadores sugerem que a substância pode reduzir a mortalidade por pneumonia entre pacientes internados e ter ação específica sobre o bacilo de Koch, o causador da tuberculose.

Até as complexas doenças autoimunes se revelam sensíveis à vitamina. Essas enfermidades são desencadeadas por uma disfunção do sistema de defesa que faz com que ele comece a atacar o próprio organismo. Se ataca proteínas localizadas nas articulações, deflagra a artrite reumatoide. Se forem células da pele, há vitiligo ou psoríase. Nesse campo, a substância também tem sido vista como uma esperança, inclusive para pacientes de esclerose múltipla, enfermidade autoimune que acomete células nervosas e leva à perda gradual dos movimentos. Já se sabe que o seu avanço é mais rápido em quem convive com níveis baixos da substância, conforme documentou um estudo da Universidade de Maastricht, na Holanda, a partir do acompanhamento de 267 pessoas com a doença.
RECEITA A médica Cláudia Cozer é uma das que indicam a reposição da vitamina se for preciso


Na Unifesp, mais de 800 portadores de esclerose múltipla estão recebendo doses do composto, sob responsabilidade do neurologista Cícero Galli Coimbra, um entusiasta do tratamento. “São doentes com déficit comprovado e resistência genética à vitamina”, explica o médico. “É uma terapia eficiente, que precisa ser divulgada”, diz Coimbra, criador do Instituto de Autoimunidade, voltado a esse tipo de tratamento.

Na mesma linha de intervenção segue a Universidade de Toronto, no Canadá. Pacientes com a enfermidade lá tratados apresentaram uma notável diminuição da perda de células nervosas. No entanto, o tratamento é considerado complementar e tem opositores. A terapia convencional da doença é feita com o medicamento interferon-beta, que modula o sistema imunológico.
TRATAMENTO O neurologista Cícero Galli coordena pesquisa sobre o efeito da vitamina no controle da esclerose múltipla


A pesquisa das ligações do composto com o câncer é um campo dos mais desafiadores para os pesquisadores. Em junho, cientistas da Universidade da Carolina do Norte (EUA) anunciaram que pacientes com tumor de pâncreas com maior quantidade de receptores para a substância têm sobrevida maior do que os outros. Antes, eles já tinham sido encontrados pelos cientistas britânicos em áreas associadas à leucemia linfática crônica e câncer colorretal. Há também suspeita de que a vitamina regule genes ligados aos tumores de próstata e pesquisas mostrando doses deficientes em mulheres com câncer de mama. “Um estudo mostrou que o aumento de sua quantidade poderia impedir aproximadamente 58 mil novos casos de tumor de mama e 49 mil novos casos de câncer colorretal a cada ano”, disse à ISTOÉ a médica Archana Roy, da Clínica Mayo (EUA). “Mas outros trabalhos são necessários para esclarecer e comprovar essas relações”, pondera a endocrinologista Ana Hoff, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Embora seja chamada de vitamina, a substância é, na verdade, um pró-hormônio. Ou seja, dá origem a vários hormônios importantes para o corpo. É sintetizada a partir de uma fração do colesterol, transformada sob a ação dos raios ultravioleta B do sol. Ela também está presente em alimentos – principalmente peixes de água fria –, mas sua concentração neles é pequena e seria suficiente para fornecer apenas 20% das necessidades diárias.
FALTA No consultório da endocrinologista Maria Fernanda, 70% dos pacientes tinham quantidade insuficiente da substância

É por essa razão que hoje os especialistas encontram-se preocupados. Ao mesmo tempo que fica cada vez mais clara sua importância para a saúde, o mundo enfrenta uma espécie de epidemia de déficit da substância. Segundo a Organização Mundial da Saúde, metade da população mundial tem menos vitamina D do que precisa. De acordo com a OMS, há insuficiência quando o exame de sangue indica uma concentração menor do que 30 ng/ml (nanogramas por mililitro de sangue). Valores abaixo de 10 ng/ml são classificados como insuficiência grave. Dosagens iguais ou superiores a 30 ng/ml estão na faixa da normalidade, cujo limite máximo é 100 ng/ml.

A enorme deficiência se deve principalmente à pouca exposição ao sol que as pessoas têm atualmente. Para que seja sintetizada na quantidade adequada, recomenda-se a exposição de partes do corpo (braços e pernas, por exemplo) entre 20 e 30 minutos ao sol diariamente, sem filtro solar. Ou, como orienta outra corrente, expor 15% da superfície da pele (equivale a dois braços) pelo menos três vezes por semana, com filtro solar. E, nesse caso, fazer complementação com suplementos receitados a partir da necessidade individual de cada um.


Essas são as orientações de forma geral. Isso porque as descobertas recentes estão produzindo mudanças nas recomendações das concentrações ideais de acordo com grupos específicos. No ano passado, por exemplo, os americanos elevaram esses valores para a população da terceira idade. Seguindo a tendência americana, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) decidiu aumentar as suas indicações para crianças e adolescentes. “É importante lembrar que, para crianças maiores, a suplementação só será necessária caso a criança não atinja a quantidade de vitamina D recomendada apenas com alimentação e luz solar”, diz Virginia Weffort, do Departamento de Nutrologia da SBP.

A cautela é realmente imprescindível. “Não se deve tomar vitamina D indiscriminadamente”, adverte o endocrinologista Sharon Admoni, do Núcleo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Hospital Sírio-Libanês. Em dose excessiva, ela causa enjoo, desidratação, prisão de ventre e pode aumentar a quantidade de cálcio, elevando a pressão arterial. Pode também gerar pedras nos rins. “O ideal é que quem faz suplementação seja bem monitorado pelo seu médico e faça exames periódicos de sangue”, diz a médica Ana Hoff. Dessa maneira, só haverá benefícios.

Fotos: Istoé Montagem sobre foto shutterstock,Rogério Cassimiro/Ag. Istoé, JULIO VILELA, Pedro Dias e Gabriel Chiarastelli/Ag. Istoé; Shutterstock, Pedro Dias e Rafael Hupsel/Ag. Istoé; Shutterstock

Vitamina D


tamina D pertence às vitaminas conhecidas como lipossolúveis, abaixo você encontrará todas as informações sobre esta vitamina. 

NOMES
Nome em português: vitamina D (vitamina do sol), a vitamina D representa duas formas possíveis de moléculas: a vitamina D3 (=colecalciferol), de origem animal e a vitamina D2 (ergosterol), de origem vegetal.
Nome científico: calciferol

DOSE DIÁRIA
A dose diária recomendada é de: 
- *400 UI (unidades internacionais), 5 µg (máx. 50 µg)
Quantidade mais importante  recomendada em mulheres grávidas,...

* Para limitar o risco de fraturas em pessoas idosas é importante tomar ao menos 400 UI por dia, senão a vitamina D torna-se ineficaz na prevenção das fraturas (fonte ATS, março 2009).

NUTRIENTES QUE CONTÊM VITAMINA D
- óleo de fígado de bacalhau, peixe oleosos, gema de ovo,...Para a síntese da vitamina D3, nececididade de radiação UV (do sol).


EFEITOS
Aumenta a absorção e o acúmulo de cálcio em associação com o hormônio PTH (paratormônio)


INDICAÇÕES
- Previne contra a osteoporose, mantém o equilíbrio do cálcio que contribui na formação dos ossos e dos dentes (sobretudo nas crianças), ajuda na coagulação, na redução das fraturas (conforme um estudo de 2009, as preparação de vitamina D reduzem em 14% o risco de fraturas. Para as fraturas do quadril, a redução é de 9 %).

- Prevenção do câncer

- Lúpus e outras doenças autoimunes.


CARÊNCIA
Problemas ósseos e dentários, osteoporose, raquitismo nas crianças, osteomalácias nos adultos, agitação....

EXCESSO
Acima de 1'800 UI ao dia, há risco de toxicidade em crianças e sintomas intestinais (diarréias,...), anorexia, em adultos

OBSERVAÇÕES
Para que a vitamina D seja ativa, ela deve ser transformada na pele (graças ao sol), e depois no fígado. É por isso que crianças pouco expostas ao sol podem ser raquíticas. 
Para as grávidas e as mulheres que estão amamentando e para as crianças pequenas, é necessário um suplemento em vitamina D


Vários estudos têm mostrado ou irão mostrar (ainda falta mais estudos clínicos para confirmar 100% de sua eficácia) que a vitamina D na medida certa (não ultrapassar a dose diária) pode ter um efeito preventivo ou curativo contra várias doenças graves como o câncer, o lúpus e outras doenças autoimunes. Isto faz com que a vitamina D possa ser uma das vitaminas mais interessante e útil ao nível médico.

Vitamina D: para a saúde ... do cérebro !

A vitamina D seria tão boa para o cérebro como ela é para os ossos! Através de dois estudos efetuados na Finlândia e na Grã-Bretanha, seus autores chamaram a atenção para uma relação entre a baixa taxa de vitamina D no sangue e o aparecimento ou agravamento de um declínio cognitivo.

Todos os 858 participantes do primeiro estudo feito em Exceter (Inglaterra) tinham mais de 65 anos. Nos pacientes com carência de vitamina D, os autores constataram um aumento de 60% do risco de declínio mental e intelectual. Ao mesmo tempo, uma equipe finlandesa mostrou que essa carência poderia estar relacionada a um aumento do risco do Mal de Parkinson. Nesse segundo estudo, foi comprovado que os pacientes cuja taxa de vitamina D era mais baixa, o risco de Mal de Parkinson era três vezes mais elevado do que nos outros. No entanto, nenhuma relação de causa e efeito entre os dois fenômenos pôde ser demonstrada, em nenhum dos lados.

Uma hipótese possível, foi estudada nos Archives of Neurology: A vitamina D protegeria os neurônios que são progressivamente destruídos pelo Mal de Parkinson". Relembramos que para satisfazer as nossas necessidade  em vitamina D, a melhor fonte permanece sendo a exposição ao sol. Você também pode encontrar a vitamina D nos ovos, nos peixes oleosos, no leite integral...

Fonte: Archives of Neurology, 12 de julho de 2010, JAMA e Archives Journals, 12 de julho de 2010.

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Fonte: Criasaude.com.br

Tomar sol é fundamental para o corpo obter vitamina D, explica especialista

O vaivém de pessoas no metrô, em shoppings e empresas é constante, principalmente nas grandes cidades. Mas será que, em algum momento, elas veem a luz do dia?

 Ao contrário do que muitos pensam, com medo do câncer de pele, o sol é fundamental para a saúde e o funcionamento do corpo. Por meio dos raios do tipo ultravioleta B, nosso organismo obtém a vitamina D e, com ela, melhora a absorção do cálcio, fortalecendo os ossos.

 Quem esteve no Bem Estar desta quarta-feira (16) para aprofundar o assunto foi o reumatologista Cristiano Zerbini, do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital Heliópolis, em São Paulo. O médico explicou que o sol é responsável por cerca de 90% da aquisição de vitamina D pelo homem, e os alimentos (como leite, gema de ovo, manteiga, peixes de água fria, shitake seco e óleo de fígado de bacalhau) respondem pelos outros 10%. Idosos e pessoas que não podem tomar sol com frequência são indicados a usar suplementos de vitamina D.


Zerbini recomendou pegar sol no mínimo três vezes por semana, em média durante 15 a 20 minutos, sempre antes das 10 horas da manhã. O ideal, segundo ele, é usar camiseta e bermuda e expor braços, pernas, pescoço e rosto sem filtro solar nesse curto período, pois fatores de proteção acima de 8 já impedem a produção do nutriente pela pele. Indivíduos muitos brancos devem tomar sol mais cedo e por cerca de 5 minutos, e os de pele escura podem ficar ao sol por um tempo pouco maior.

 Em nota, a Sociedade Brasileira de Dermatologia defendeu que pessoas com pele muito clara, que têm maior risco de câncer de pele, sempre usem protetor solar e, apenas três vezes por semana, tomem sol - só nos braços. Segundo a entidade, essa exposição já é suficiente para um aporte adequado de vitamina D.

 No estúdio, o especialista também falou sobre como o sol entra pela pele e segue até os rins e o fígado, onde ocorre a transformação da vitamina D. Zerbini demonstrou, ainda, como é um osso sadio e outro tomado por osteoporose – doença que enfraquece os ossos por formação inadequada ou desgaste, e pode causar fraturas principalmente na coluna, bacia, nos punhos e nas costelas.

 Além de fixar o cálcio nos ossos e, com isso, evitar a osteoporose, a vitamina D mantém o equilíbrio, evita quedas e dá mais vigor aos músculos. A falta dessa substância no organismo, esclareceu o reumatologista, pode ser identificada em testes laboratoriais, pela análise do cálcio na urina (se houver pouco, é um sinal de alerta) ou por exames de sangue. Não costumam se manifestar sintomas em adultos, exceto por uma eventual dor, cansaço ou falta de equilíbrio. Já as crianças com deficiência de vitamina D podem desenvolver raquitismo, doença que inclui fraqueza e perda óssea.

 O consultor Alfredo Halpern também citou que estudos apontam que a vitamina D pode ajudar no tratamento de doenças reumáticas, autoimunes, diabetes e alguns tipos de câncer.

 Para a boa saúde dos ossos, apontou Zerbini, é preciso sol, cálcio e também exercícios físicos. Nas ruas, a repórter Marina Araújo perguntou a várias pessoas se elas tomam sol e se sabem se têm ou não deficit de vitamina D. De acordo com a nefrologista Rosa Maria Moysés, que liderou uma pesquisa com 600 moradores de São Paulo durante o inverno, 75% dos paulistanos apresentaram níveis do nutriente abaixo do normal. No verão, a porcentagem cai para 45%, o que ainda é muito elevado para um país tropical onde esse índice deveria ficar em torno de 5%.

Cálculo de proteção solar

 Para calcular qual deve ser o cuidado para cada tipo de pele, a indústria leva em conta o tempo que uma pessoa branca demora a ficar vermelha. Por exemplo, se alguém exposto ao sol começar a se queimar em 3 minutos, deve-se multiplicar esse tempo por 15, e o resultado é o período em que a pele estará protegida, ou seja, 45 minutos. Depois disso, o indivíduo deve reaplicar o protetor.

G1 

Terapia polêmica usa vitamina D em doses altas contra esclerose múltipla


Há quase três anos o paulistano Daniel Cunha, 26, acordou com metade de seu rosto dormente. Foi trabalhar, voltou para casa e achou que a sensação ia passar. Não só não passou como piorou. 

 Foi ao hospital, fez exames e, depois de algumas consultas, recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla. O mal é autoimune, causado pelo ataque ao revestimento dos neurônios pelo sistema imunológico da própria pessoa. 

 Desde 2010, Cunha abandonou o tratamento convencional, com injeções de interferon, remédio que controla a ação inflamatória da esclerose, mas causa efeitos colaterais como febre e mal-estar. 

 Ele passou a tomar todo dia uma dose alta de vitamina D, prescrita pelo neurologista Cícero Galli Coimbra, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). O tratamento não é reconhecido pela maioria dos especialistas, que o consideram experimental. 

 Isso não impediu Cunha de usar a vitamina. Ele ficou tão satisfeito que realizou, com meios próprios e ajuda de amigos, um documentário de 30 minutos, disponível desde abril no YouTube (youtube.com/watch?v=erAgu1XcY-U), sobre a terapia. 

 No vídeo, com 18 mil acessos, pacientes de Coimbra falam sobre a vida antes e depois do novo tratamento, e o médico explica a relação entre a vitamina D e a doença.


HORMÔNIO 

 Produzida pelo corpo quando a pele fica exposta ao sol, a vitamina D na verdade é um hormônio, apesar de manter o nome consagrado. 

 É consenso há muito tempo que ela tem papel importante na mineralização dos ossos. "Experimentos vêm mostrando que ele age em vários outros tecidos, especialmente no sistema imunológico", afirma a endocrinologista Marise Castro. 

 No caso da esclerose múltipla, pesquisas mostram que a prevalência da doença é mais alta em países distantes da linha do Equador, com incidência solar mais baixa, onde a população produz menos vitamina D. 

 Segundo Coimbra, a suplementação com o hormônio vem sendo testada desde os anos 1980 para reduzir os surtos de esclerose, períodos em que a doença pode deixar sequelas. Para ele, já há evidência suficiente de que as pessoas com a moléstia têm deficiência da vitamina. 

 "Desde 2003 venho cumprindo o dever ético de corrigir o problema metabólico desses pacientes. Todo médico tem a obrigação de fazer isso", afirma o neurologista. 

 Até hoje, diz Coimbra, quase 900 pacientes com esclerose múltipla foram tratados. A maioria usa de 30 mil a 70 mil UI de vitamina D ao dia, mas alguns tomam 200 mil. 

 A dose ideal para a suplementação ainda é motivo de debate. Segundo Marise Castro, a quantidade usual é de 400 a 2.000 UI. 

 Mas, segundo Coimbra, essas doses não são realistas. "As pessoas com esclerose têm uma resistência genética à vitamina e precisam de doses mais altas." 

 Os pacientes dele seguem uma dieta sem laticínios e fazem exames periódicos para controlar os níveis de cálcio na urina e no sangue. A vitamina D tem relação com o cálcio, e as doses altas podem causar cálculos renais. 

 "A intoxicação por vitamina D pode ser grave e leva meses para curar, porque ela se deposita no tecido adiposo", diz a endocrinologista.
 Coimbra rebate, citando um estudo que acompanhou pacientes com esclerose tomando vitamina D por sete meses, em doses crescentes, até chegar a 40 mil UI por dia.


Para Maria Fernanda Mendes, membro-titular da Academia Brasileira de Neurologia, não há provas suficientes para receitar a terapia. 

 "Temos feito exames para dosar a vitamina e repô-la em caso de deficiência, até por conta da demanda dos pacientes, mas não é a recomendação oficial. Como há um tratamento comprovadamente melhor, esse só pode ser usado em pesquisas." 

 Coimbra diz que não concorda com a realização de estudos controlados em que parte dos pacientes recebam a vitamina e parte, placebo. 

 "Alguém já fez estudo controlado sobre usar insulina para crianças diabéticas? Não, porque elas iam morrer. Se você tivesse uma filha com esclerose múltipla, que poderia ficar cega em um surto, correria o risco do placebo?" 

 Coimbra afirma que a relutância dos médicos em aceitar o tratamento vem dos conflitos de interesse com as farmacêuticas. "Há um interesse fabuloso no tratamento tradicional, que custa até R$ 11 mil por paciente por mês." 

 O conflito de interesses foi um dos motivos que levou Daniel Cunha a fazer o documentário. "O tratamento com vitamina D me custa R$ 50 por mês. É a minha saúde, não é um leilão. Não me interessa se alguém vai ganhar dinheiro com isso. As pesquisas que todo mundo pede nunca vão sair, quem pagaria isso se não as farmacêuticas? Mas as pessoas não precisam ser reféns. A internet é nossa arma." 

Fonte: DÉBORA MISMETTI;  EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA+SAÚDE"; Folha.uol.com.br/

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